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Assumi num dado momento a posição de treinador de Futsal dos Juniores do VFSC, sem que estivesse nos meus planos, tal responsabilidade. Queria ajudar o clube, mas seria sempre como treinador adjunto, ou então como treinador responsável, mas dum escalão mais jovem.
Convencido pelo presidente para tal tarefa, deitei mãos ao trabalho, iniciando os contactos com os jovens referenciados. Por falta de tempo da minha parte, indiquei um deles, que serviu de ponte com os restantes, para combinarmos treinos e demais tarefas, muito dificultadas á partida, em termos de logística, pelo facto das deslocações a efectuar semanalmente, ao pavilhão em Carrazeda de Ansiães, pois decorriam obras no de Vila Flor.
Sabia ter no grupo atletas de bastante valor, amigos diziam-me que por essa razão, tinha obrigação de ganhar o campeonato.
No primeiro jogo treino em Macedo de Cavaleiros, defrontando uma equipa, que demonstrou já boas movimentações e alguma rotina, tivemos um resultado positivo, mais resultado do valor individual de alguns atletas, e constantes orientações para dentro do campo, corrigindo sobretudo marcações defensivas.
Sem treinos, e pelo que vi, acreditei então ser possível lutar com os melhores.
Vieram os jogos a sério, em que ganhamos ou perdemos tangencialmente, mas esses jogos ficaram marcados, por dificuldades de entendimento no decorrer dos jogos, entre alguns atletas e treinador, que se reflectiram em resultados menos conseguidos e que não fora isso podiam e deveriam ter sido bem diferentes.
Sei que fui duro e algo intransigente, daí alguns atletas deixaram de aparecer. A equipa ficou muito fragilizada e eu durante algum tempo bastante desmoralizado, valendo o apoio e disponibilidade de alguns juvenis e o seu treinador, que deram o seu esforço e capacidade, ajudando os juniores nalguns jogos.
Entretanto, assentei ideias e decidi que iria “levar o barco até ao fim”, doesse o que doesse, com a ajuda de quem estivesse disponível, com honra, entrega, luta e toda a dedicação possível, de cada vez que os atletas entrassem em campo, para defender o emblema do VFSC.
Felizmente após duas ou três jornadas, conversámos, entendemo-nos e dois atletas regressaram, acrescentando qualidade e mais opções ao plantel. Finalmente no nosso pavilhão em Vila Flor, iniciámos uma caminhada gloriosa de vitórias, no dia da sua inauguração, frente ao adversário Montes Vinhais, com uma vitória sólida e autoritária.
Lembro-me ter dito no balneário aos jovens atletas; - este é o primeiro jogo no nosso pavilhão, na nossa terra, perante o nosso público, os nossos amigos e até familiares, este jogo é para ganhar indiscutivelmente, sem qualquer dúvida! O contrário seria uma vergonha para nós! Entenderam a mensagem, jogaram com atitude, raça e arreganho, sem darem qualquer hipótese ao adversário, que foi um digno vencido. Novo jogo em casa contra o Macedo de Cavaleiros, que seguia na frente do campeonato, também ganho com distinção, terminando no jogo também em casa contra o FC Carrazeda de Ansiães, que resultou numa vitória tangencial arrancada a ferros, perante o nosso publico, que nos apoiou e entusiasmou, e um adversário, que foi o mais difícil, em todo o campeonato. É uma equipa com alguns atletas de qualidade, e que nunca deita a toalha ao chão, até ao ultimo segundo. Mas isso eu já sabia, e tentei acautelar essas duas situações, resultando felizmente. Assim, o campeonato estava ganho, fossem quais fossem os resultados da última jornada, que disputámos em Bragança contra o Pioneiros. Terminou num empate a 4, num jogo que pretendia fosse descontraído, sem alguns titulares e jogando alguns juvenis na equipa pela primeira vez. Foi um prémio merecido.
No próximo sábado, às 17h é o primeiro jogo da taça nacional, no nosso pavilhão, contra o Piratas de Creixomil (Guimarães), equipa com forte tradição no futsal Nacional dos escalões jovens.
Difícil, claro não tenho dúvidas! Jogadores importantes estão ausentes. São jovens em formação, e neste percurso de vida, divertirem-se, conhecer outras realidades e horizontes faz parte desse crescimento. Daí não contarmos com eles, neste período da Páscoa.. Mas tenho uma única certeza, os que jogarem, se interiorizarem e assumirem a mensagem, que nesse dia pretendo transmitir-lhes, sei que no final do jogo, vão sair de cabeça erguida, com sentimento do dever cumprido, merecedores de todo o apoio, que os seus amigo, familiares e público em geral presente, não lhes vai regatear.
Na jornada seguinte, dia 1 de Abril, vamos até Viana do Castelo, defrontar o Nogueirense, campeão desse distrito. Aí espero ter disponíveis mais atletas, alguns já recompostos das férias de Páscoa, para darem o seu melhor contributo á equipa.
Este foi até ao momento, o percurso duma equipa de jovens, que não são diferentes doutros jovens doutras terras, mas que gostam de jogar futsal, defendendo as cores do VFSC, levando o mais longe possível o seu símbolo e o seu nome.
Sabíamos que era possível ganhar o campeonato. Houve momentos menos bons no início, mas quando foi necessário uma resposta, uma atitude séria, forte e empenhada souberam dizer sim, aos apelos dos treinadores, e do público sempre presente.
Agora nova fase se inicia, mais difícil, com adversários de maior valor, mais bem preparados, outras rotinas, outros recursos humanos e financeiros. Mas se David venceu Golias, devemos pensar e assumir que tudo é possível, até ao último segundo do jogo. O Futsal tem esse encanto…,
Seja qual for o resultado final, desta próxima etapa, está a ser uma experiência cansativa, física e emocionalmente, mas gratificante, porque ter amigos jovens como os meus juniores e até juvenis, deixa-me muito feliz.
Grato pela vossa amizade, alegria, disponibilidade e entrega (dos atletas), aproveito também para deixar “um grande muito obrigado”, ao treinador Pinheiro, que muito me tem ajudado, com a sua perspicácia e o seu saber, no momento certo, ao director Carlos Carvalho, na parte administrativa (fichas de jogo, etc), e fisioterapeuta Sónia Marcelo, que além de excelente profissional, é também um forte elemento de ligação com os jovens, que acrescenta equilíbrios, harmonia e autoridade ao grupo de trabalho.
Por ultimo, ao imenso público, que tem acompanhado e animado os atletas, mesmo nos momentos difíceis, OBRIGADO. Vamos tentar não vos desiludir, vocês merecem!
Rui Guerra
